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sábado, 14 de janeiro de 2012

Gelo não é tão bom para tratar dores musculares quanto se imagina



Gelo não é tão bom para tratar dores musculares quanto se imagina
Os bancos dos vestiários das academias e das laterais de quadras de basquete já estão repletos de vítimas das primeiras contusões de 2012: aqueles de nós que, entusiasmados com as resoluções de Ano Novo, estamos nos exercitando um pouco além da conta. Entre esses, muitos colocarão compressas de gelo sobre os músculos doloridos.

O gelo ("ice", em inglês), que é o "I" da sigla "Rice" (que quer dizer "rest, ice, compression, elevation", isto é, "repouso, gelo, compressão, elevação"), continua a ser o protocolo-padrão para lidar com lesões relacionadas a práticas esportivas. Ele também é bastante utilizado para tratar músculos que estão doloridos, mas não estão exatamente machucados.

Em quase todos os jogos de futebol americano, basquete ou futebol, de qualquer nível, muitos dos jogadores aplicam gelo sobre partes do corpo durante o intervalo, ao se prepararem para voltar a jogar. No entanto, uma artigo publicado neste mês pela revista Sports Medicine coloca tal prática em questão, avaliando em que medida ela pode ser prejudicial.

No artigo, pesquisadores da Universidade de Ulster e da Universidade de Limerick, ambas irlandesas, examinam cerca de três dezenas de pesquisas anteriores sobre os efeitos do uso de gelo para combater dores musculares. Nem todos os resultados da análise são reconfortantes.

Menos força

Na maioria das pesquisas, o gelo se mostrou bastante eficaz na diminuição da dor. Mas os pesquisadores descobriram que ele também reduziu significativamente a força e potência muscular por até 15 minutos após sua aplicação ter terminado.

O gelo também tende a diminuir a coordenação motora fina. Algumas das pesquisas analisadas constataram que as pessoas, depois de aplicações de gelo, experimentaram diminuição da propriocepção no membro contundido, isto é, da percepção do posicionamento de uma parte do corpo, como um braço ou perna. Muitas vezes, o resultado disso foi um desempenho atlético pior, pelo menos a curto prazo. Os voluntários não foram capazes de saltar tão alto ou correr tão rápido, nem de arremessar ou atingir uma bola tão bem quanto de costume após 20 minutos de aplicação de gelo.

"O conjunto de evidências de que dispomos hoje sugere que o desempenho dos atletas provavelmente é prejudicado quando eles retomam a sua atividade imediatamente após o resfriamento", concluíram os autores.

Não se sabe exatamente o que faz a aplicação de uma compressa fria antes da prática de um exercício afetar negativamente o desempenho dos atletas, embora existam várias teorias.

"O motivo mais provável é o fato de que o gelo reduz a velocidade da condução nervosa", disse Chris M. Bleakley, pesquisador associado da Universidade de Ulster, que liderou o estudo. "Os impulsos nervosos no músculo se desaceleram."

O resfriamento provavelmente também "afeta as propriedades mecânicas da unidade músculo-tendão", afirmou ele. Ou seja, músculos e tendões que deveriam trabalhar em conjunto sem problemas não conseguem fazê-lo.

Há também a possibilidade de a aplicação de gelo nos músculos doloridos aumentar o risco de lesões, embora as pesquisas analisadas não abordem essa questão diretamente. Se o seu ombro ou suas pernas, após receberem uma aplicação de gelo, ficarem fracos durante uma partida de tênis ou uma corrida, a tendência é de que você redobre os seus esforços, porque os músculos, quando entorpecidos por conta do resfriamento, não conseguem indicar o início da formação de uma lesão mais grave.

Segundo Bleakley, esse risco realmente existe em situações nas quais os atletas voltam a competir logo após a aplicação de gelo - por exemplo, quando uma compressa fria é aplicada antes de uma corrida ou o gelo é utilizado para tratar a dor e o desconforto nas laterais ou no intervalo, durante eventos esportivos profissionais.

Menos dor

É claro que muitos atletas amadores utilizam compressas frias em outras circunstâncias - depois de um treino, por exemplo, ou para aliviar a dor de uma distensão muscular. Porém, as evidências científicas, mesmo no que diz respeito a esses tipos de uso, não são unívocas.

Uma análise publicada em 2004 concluiu que, embora as compressas frias pareçam de fato reduzir a dor provocada por lesões agudas de tecidos, os efeitos globais do resfriamento de músculos lesionados ainda não tinham sido "totalmente elucidados", de modo que um número muito maior de pesquisas se fazia necessário.

Um pequeno experimento casual realizado no ano passado não encontrou benefícios perceptíveis da aplicação de gelo em rompimentos musculares ocorridos na região da perna. Os músculos resfriados não sararam mais rápido, nem passaram a doer menos do que os tecidos não tratados. Porém, como os pesquisadores salientaram, é difícil estudar esse processo cientificamente, dado que você não pode esconder da pessoa se ela está sendo de fato tratada ou recebendo um placebo. As pessoas geralmente conseguem identificar se os seus músculos estão mais gelados ou não.

A maioria das pesquisas anteriores também encontrou poucos benefícios proporcionados pelo gelo ligados à aceleração do processo de recuperação após a prática de exercícios. Por outro lado, parece haver algumas desvantagens.

Para a maioria de nós, pode haver momentos em que não há mal nenhum em aplicar gelo sobre músculos doloridos - como depois de um treino puxado ou quando somos acometidos por lesões graves - desde que não voltemos para o campo.

E se tivermos que retomar de qualquer modo a atividade, os efeitos negativos da aplicação de gelo são, felizmente, de curta duração. Geralmente, eles passam dentro de aproximadamente 15 minutos. Eles também são menos pronunciados se a duração da aplicação for de 3 a 5 minutos, e não de 20, explicou Bleakley.

A lição fundamental deixada pela análise é clara. "O gelo oferece muitos benefícios", disse Bleakley. "Ele é barato e continua a ser um excelente método de entorpecimento da dor."

Porém, é desaconselhável contar com o gelo para voltar à quadra de um jogo de basquetebol do campeonato sênior ou a uma pista de corrida quando já se está lesionado. "Os atletas devem ter em mente que a dor geralmente é um sinal de que algo está errado com o corpo", advertiu Bleakley.

Escute-o e fique fora do segundo tempo da partida ou deixe de correr por um dia. Você tem o resto de 2012 para cumprir a sua resolução de Ano Novo.


Da RedaçãoFOLHADOSERTAO e UOL

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